Como podemos preparar nossos profissionais, ideias e comunidades para resolver problemas que ainda não conhecemos?
Como criar plataformas, espaços e redes que promovam o trabalho conjunto, o interesse mútuo e o benefício coletivo?
Como unir forças em torno de um propósito maior, que transcenda ganhos individuais e beneficie a todos?
Os desenhos animados Os Jetsons e Os Flintstones nos oferecem visões contrastantes de futuro, refletindo as preocupações e os ideais de suas respectivas épocas. Os Jetsons, criado na década de 1960, imaginava um futuro repleto de inovações tecnológicas. Suas naves espaciais, robôs domésticos e sistemas de transporte vertical davam a impressão de um mundo em que a tecnologia resolveria todos os problemas humanos, criando um paraíso de conveniência e eficiência. Era um futuro que se apresentava radiante, onde os avanços tecnológicos eram vistos como a chave para um modo de vida perfeito, sem dificuldades cotidianas. No entanto, o que Os Jetsons não previu foi a complexidade das relações humanas no futuro, como a solidão, o isolamento e o peso da velocidade imposta pela vida moderna.
Por outro lado, Os Flintstones, criado na década de 1960, mas situado em uma época pré-histórica, nos traz uma visão irônica e nostálgica de como a vida humana poderia ser mais simples, embora marcada por seus próprios problemas, como os desafios diários de trabalho e convivência familiar. Ao colocar seus personagens em um cenário primitivo, Os Flintstones nos convida a refletir sobre os aspectos essenciais da humanidade, sugerindo que os problemas humanos, como a luta pelo trabalho, as tensões familiares e as dificuldades de comunicação, são atemporais e independem do avanço tecnológico.
Se fizermos uma comparação entre essas duas visões de futuro, Os Jetsons antecipa muitas das tecnologias que já fazem parte do nosso cotidiano, como a internet, as videoconferências e até mesmo as casas automatizadas. Porém, esse futuro não contava com a sobrecarga que essas inovações poderiam trazer. Hoje, vemos que a tecnologia, longe de nos livrar das angústias da vida, muitas vezes as intensifica. A rapidez das informações, a constante conectividade, as expectativas irreais geradas pelas redes sociais e o ritmo frenético da sociedade moderna contribuem para um aumento das questões relacionadas à saúde mental, como a depressão e a ansiedade. A visão otimista de Os Jetsons não conseguiu prever que, no futuro, a conexão global também geraria distâncias emocionais, em que nos sentimos cada vez mais distantes uns dos outros, apesar de estarmos constantemente conectados.
O que Os Jetsons nos revelou, de maneira indireta, foi que o futuro não seria apenas uma questão tecnológica, mas principalmente de relações humanas, buscando equilíbrio em um mundo que parece não parar de acelerar.
O que os Jetsons não previu é um futuro que certamente nos desafiará, que nos fará pensar e agir de maneira diferente.
Um futuro que já nos inquieta.
Um futuro complexo e desafiador.
Um futuro em que as ferramentas de hoje possivelmente não nos servirão.
Um futuro que exigirá novas soluções: coletivas, cooperativas, comunitárias.
Um futuro em que cooperar e criar juntos não será apenas uma estratégia — será a base da nossa sobrevivência como espécie.
Um futuro em que as soluções não cabem mais nas mãos de poucos.
Um futuro onde os recursos precisam ser repartidos e aplicados com sabedoria em prol do bem comum
Um futuro que clama pela força da união, pela sabedoria da diversidade e pela coragem de criarmos juntos.
Quando compartilhamos o que temos — seja conhecimento, recursos ou oportunidades — Precisamos trocar competição por colaboração. Colaboração não divide; a colaboração amplia.
Precisamos aprender a fazer as perguntas certas
Como podemos preparar nossos profissionais, ideias e comunidades para resolver problemas que ainda não conhecemos?
Como criar plataformas, espaços e redes que promovam o trabalho conjunto, o interesse mútuo e o benefício coletivo?
Como unir forças em torno de um propósito maior, que transcenda ganhos individuais e beneficie a todos?
Precisamos urgente ressignificar como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos.
Precisamos desenhar uma nova forma de estar no mundo,
reconhecendo que somos mais fortes quando somamos forças, mais inteligentes quando ouvimos o outro e mais realizados quando vemos o impacto positivo de nossas ações se espalhando.
O desafio do futuro, como vemos hoje, não está só em alcançar o progresso material, mas em conseguir lidar com as consequências desse progresso.
Por fim, tanto Os Jetsons quanto Os Flintstones nos convidam a refletir sobre a relação entre tecnologia e humanidade, e como os avanços não podem ser apenas medidos por máquinas e gadgets, mas também pelas transformações que eles impõem à nossa maneira de viver e nos relacionarmos. O futuro, ao invés de ser uma simples evolução técnica, é também uma revolução social, emocional e, muitas vezes, um grande desafio pessoal.
Bridge Talks - O futuro é colaborativo
Opinião do Autor: Maurício Moniz